Editorial
Um passo à frente no monitoramento
Dentro de 60 dias, de acordo com a previsão oficial do Município, Rio Grande deve passar a contar com uma Sala de Situação e Meteorologia. A ser coordenada pela Defesa Civil, a estrutura será a primeira a estar instalada em uma cidade gaúcha. A outra unidade deste tipo existente é a de nível estadual, mantida em Porto Alegre. O anúncio deste projeto que está em fase de implantação foi feito na terça-feira pela Prefeitura da Zona Sul e mostra que há uma preocupação real com a qualificação do trabalho de prevenção de desastres baseado em dados científicos e análises de múltiplos fatores que interferem na ocorrência de eventos extremos.
Esse cuidado é plenamente justificável. E também por conta de evidências científicas e dados. Segundo relatório publicado há pouco mais de um ano pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), o número de ocorrências climáticas extremas aumentou cinco vezes em apenas 50 anos. Segundo o levantamento dos pesquisadores, enquanto na década de 1970 foram notificados 711 fenômenos como secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios, as duas primeiras décadas do século atual tiveram 3.536 (anos 2000) e 3.165 (anos 2010). Tão impactante quanto estes números é a soma de vítimas destes desastres. Foram mais de dois milhões de mortos no período. Se esse total for dividido pela quantidade de dias, é como se 115 pessoas morressem a cada 24 horas em diferentes partes do mundo devido aos desastres naturais.
Embora Rio Grande e a Zona Sul, felizmente, não tenham experimentado até o momento grandes catástrofes ambientais como as que se tem notícia em outras regiões do Brasil, isso não quer dizer que os transtornos provocados por elevados volumes de chuvas, ventos fortes, descargas elétricas e outros fenômenos não causem prejuízos materiais e interfiram negativamente na vida de milhares de pessoas. E é justamente com o objetivo de tornar estes efeitos menos danosos possíveis que a Sala de Situação do Município está sendo criada. E, como bem lembra o comandante regional da Defesa Civil, tenente-coronel Marcio Facin, o fato de estar em Rio Grande não significa que apenas esta cidade será beneficiada. Afinal de contas, será analisado em tempo real um conjunto de fatores que permitirá a toda a região ter um retrato fiel do que ocorre e dos riscos à população.
Se a informação não é capaz de afastar um evento severo natural, por outro lado é a partir dela que todo o Poder Público poderá estar um passo à frente na hora de agir na redução de danos, prevenindo piores efeitos, e conscientizando os cidadãos do risco a que estarão expostos. Uma proteção à vida cada vez mais necessária diante da velocidade das mudanças climáticas.
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